terça-feira, 1 de dezembro de 2009

2012, a bomba

Nesse sábado passado eu fui assistir o filme 2012 após ir ao aniversário de um colega, e posso afirmar que o filme, realmente, é uma merda. Mas pelo menos, ele é uma merda de qualidade. Rolland Emmerich pôs todo o seu esforço ao criar essa merda, e por isso, eu posso dizer que ela não cheira tão mal assim, embora ainda seja merda. Eu já disse nesse blog porquê fazer um filme baseado no fenômeno 2012 é uma má idéia:

http://desventurasemrecursao.blogspot.com/2009/10/filmes-serem-assistidos.html

Porém, eu realmente não esperava isso, o esforço descomunal de um diretor para transformar uma idéia ruim em algo novo, e com isso, conseguir inovar. É um filme que embora seja ruim, tenha um roteiro ruim, e a construção das cenas de ação muito mal feita, deixa claro que foi feito com carinho, e por isso, no final, não parece ser tão ruim. Isso, é claro, se o espectador conseguir desligar a parte do cérebro responsável pela lógica, senão fica inevitável fazer piadinhas acerca das cenas, e dos eventos que acontecem no filme. Algumas das piadinhas que eu ouvi, e provavelmente só serão entendidas por quem assistiu, foram:

"Need for Speed End of World Edition"

"Não há nada como uma cara que é capaz de consertar o bug que ele mesmo fez"

"Por que que as turbinas não ligam com a porta emperrada? Microsoft Windows"

"Moral da história: Não importa se o mundo acabou e todo mundo morreu, se o cara que estava comendo a sua mulher morreu, é um final feliz"


Mas, falando do filme especificamente, aí vai os meus 2 cents:

O filme começa de uma maneira legal. Embora o título seja 2012, e o filme se passe em 2012, o início começa em 2009, o nosso ano, e pouco a pouco é mostrado como foram os eventos importantes para a estória de 2009 a 2012. Isso nos cinco minutos iniciais, e com isso, temos uma apresentação de um dos personagens principais, o geologista Adrian Helmsley, que é o responsável por apresentar a casa branca a situação do fim do mundo se aproxima. Por quê? Simples, ele conversou com o seu amigo, o Doutor Satnam Tsurutani na Índia, e descobriu que devido a um evento solar inexplicável, os neutrinos emitidos pelo sol estão se transformando em uma nova partícula sub-atômica, e com isso estão agindo como microondas no núcleo e manto terrestre, fervendo-o (Momento para música macabra).

Se não bastasse a explicação "científica" do fim do mundo, o filme é cheio de outras explicações para o fim do mundo, como a teoria do deslocamento da crosta terrestre. Mas, enfim, após o início do filme, somos apresentados a família (ou quase) de Jackson Curtis, interpretado por John Cusack, que é um escritor de ficção científica que também trabalha como motorista. Após acampar com o seu filho e sua filha no parque yellowstone, ele é lentamente apresentado a eventos que pouco a pouco vão o convencendo que de há uma grande conspiração para salvar alguns poucos da destruição do mundo, que ocorrerá em breve. Ele hesita, e prossegue adiante, mas em determinado momento, se convence de que o mundo vai acabar mesmo, e é aí que a correria e os desastres começam a acontecer de verdade.

O grande problema de 2012 não é exatamente, que o final seja ruim, mas sim que o início seja bom. Porque embora John Cusack não seja exatamente uma estrela dos filmes de ação, ele chega a passar a emoção de alguém desesperado de maneira convincente. E todos os personagens do núcleo dele acabam passando essa emoção também, na cena em que a califórnia acaba. Ah, e as cenas da destruição do mundo são um show a parte. Elas são diferentes do que qualquer um esperaria, não são cenas de prédios caindo e rachaduras surgindo, e nesse ponto, Rolland Emmerich brilhou, pois o que ele mostra são os continentes, pouco a pouco, desmanchando como se fossem feitos de areia: Eles afundam no mar, ou racham em milhares de pontos e são dissolvidos no meio de tanta lava vulcânica que sai para fora. E essa destruição em escala geológica é o ponto inovador do filme, embora seja similar a O dia depois de amanhã.

O final é um tanto quanto óbvio, ridículo, e cliché. Eu mesmo teria achado tal final umas dez vezes mais legal se as "naves espaciais" fossem mesmo naves espaciais. Mas, enfim, o filme já foi feito, e isso não pode ser mudado. Só me resta esperar pra ver o tamanho do prejuízo do caixa, porque de críticas, o filme já foi uma bomba. Pelo menos, no RottenTomatoes e no Metacritic, e espero que com o tempo, outras pessoas possam ver que esse filme é uma idéia que, apesar de ter sido executada de modo excelente, foi feita em cima de um mito sem pé e nem cabeça, e que por isso teve que depender de marketing viral, algo que ao meu ver, não é um modo apropriado de se propagandear um filme. Isso sem falar do script do filme, que é lastimável, cheio de lições morais baratas, inacurácias científicas, e mesmo religiosas. Definitivamente, uma bomba.

Mas, como eu disse, se você conseguir desligar a parte racional do cérebro, até que é um filme legal.