quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Stallone, Brasil, macacos, e o código florestal

Se há uma coisa que eu não consigo compreender, é a obsessão que o brasileiro tem em reparar no que não importa e se ofender com isso, ao passo que ignora o que realmente importa em nossa sociedade.

Recentemente, Sylvester Stallone fez uma declaração na Comi-Con, que para a minha surpresa, revoltou uma parcela da população brasileira; em particular, os usuários de twitter. A Comi-Con é a maior feira de cultura pop do mundo e é realizada anualmente em Los Angeles, sendo esse ano realizada entre 22 e 25 de julho. Stallone estava lá para fazer propaganda do seu mais novo filme, The Expendables, traduzido aqui como "Os Mercenários", filme este que foi filmado no Brasil. Mas, quem é Stallone, que fime é esse, e que declaração foi essa?

Sylvester Stallone, nascido Sylvester Gardenzio Stallone, é um norte-americano ator, diretor e roteirista de filmes. Sua vida pessoal é bastante interessante, pois ele teve muitas dificuldades na vida, a começar com o seu parto que devido ao fato de ter sido um parto complicado acompanhado pelo uso de fórceps, causou uma lesão no maxilar que o acompanhou pela vida toda, resultando numa fala devagar e de difícil compreensão. Além disso, diferentemente de outros atores, Stallone teve dificuldades para iniciar sua carreira artística. Poucos sabem, mas First Blood não foi o primeiro filme dele, mas sim um filme chamado O garanhão italiano. Isso só aconteceu porque ele estava no fim da picada, e necessitava de dinheiro. Depois, veio Rocky.

Rocky é um filme interessante. De certa forma, ele pode ser considerado uma auto-biografia fictícia do Stallone, envolvendo a figura de Rocky Balboa ao invés de Sylvester Stallone. É a história de um cidadão norte-americano típico de Philadelphia, que vê uma chance de ascender socialmente, e resolve agarrar a oportunidade de sua vida. Rocky foi tão marcante ao ser lançado que se tornou imediatamente um sucesso de críticas, lançou a carreira de Stallone, e mesmo décadas depois, foi considerado "culturalmente significante" para ser preservado pelo acervo nacional de filmes norte-americano.

Se Stallone fosse brasileiro, ele seria o candidato perfeito para a campanha federal de alguns anos atrás cujo slogan era "Sou brasileiro, e não desisto, nunca". Mas, enfim, temos respondida uma das perguntas. A seguinte, é que filme é esse?

O filme "Os Mercenários", foi dirigido, roteirizado e atuado pelo próprio. Isso mesmo, Stallone, com o patrimônio e a fama que tem, decidiu fazer uma super-produção cinematográfica apenas para agradar os fãs de filmes de ação, e por respeito a um gênero que, segundo ele, é responsável pela existência de Hollywood. Além disso, o filme foi filmado no Brasil, o que gera renda para nós, e visibilidade no exterior, pois estimula outros estúdios a fazerem o mesmo. Isso responde a segunda pergunta, mas falta a última: Qual foi a declaração "infeliz"?

Bem, a frase que supostamente incomodou os "brasileiros" (sendo este um grupo ao qual eu não pertenço) foi uma resposta a pergunta do porquê de ter sido o Brasil o local escolhido:
"Lá você pode atirar nas pessoas, explodir coisas, e eles dizem 'Obrigado, e aqui está um macaco para você levar para casa'". Eu ainda estou tentando entender como que essa frase poderia soar ofensiva, mesmo porque eu a achei muito engraçada. É como você viajar para a Flórida, comprar tudo, e ainda ouvir 'Obrigado, e aqui está um foguete para você levar para casa'.

Ora sabemos que existem macacos no Brasil, e sabemos ainda que há tráfico de animais silvestres, como os mesmos macacos mencionados, embora a frase dele não pareça ser uma crítica ao nosso tráfico ilegal de animais. Aparentemente, a palavra macaco virou palavrão de uma hora pra outra. Isso me leva a perguntar, por quê que esses brasileiros que se incomodam tanto com a idéia de macacos serem levados para fora do nosso país não se importam com a dita "reforma" do nosso código florestal, que irá destruir as mesmas florestas onde vivem os mesmos macacos citados?

Para quem não sabe o lobby dos deputados ruralistas conseguiu pressionar o nosso sistema legal, com base em interpretações no mínimo equivocadas, em cima de estudos científicos que ainda não foram concluídos, a fazer uma reforma completa do conjunto de leis que rege a proteção do nosso meio ambiente. Ou seja, o conjunto de leis sobre o meio ambiente, o código florestal, está para ser completamente modificado. Algumas das idéias maravilhosas que estão para serem aprovadas no novo código incluem anistia para quem cometeu crimes ambientais desde 2008, e a redução da área de preservação permanente de rios.

Enquanto isso, brasileiros ficam revoltados a respeito do que Stallone tem a dizer sobre filmes e macacos no Brasil.

Se não bastasse os absurdos acima, os mesmos parlamentares ruralistas buscam agora tentar desmerecer o saber dos cientistas que fizeram os estudos a respeito da escassez de terras cultiváveis, os mesmos cientistas cujos estudos foram usados numa interpretação errônea e distorcida para promover uma forma de agro-negócio arcaico e não sustentável de mais de dois séculos atrás.

Enquanto isso, brasileiros tuitam e fazem campanhas para boicotar o filme "Os Mercenários".

Sabe o que a campanha #calabocastallone no twitter parece ser? Parece ser uma tentativa de intimidação, bully por assim dizer, dos brasileiros em relação ao Stallone. Que na verdade, nem precisava ter filmado este filme, e fez apenas em consideração aos apreciadores de filmes de ação. Inclusive os do Brasil. Se esse povo realmente se importasse com a imagem do Brasil, e com a natureza daqui, estariam se importando com a retalhação do código florestal, e não com o que o Stallone tem a dizer sobre os macacos do Brasil.

Se essa mudança absurda do código não for impedida, no futuro, ninguém mais irá fazer piadas com macacos no Brasil. Não por causa de um suposto respeito adquirido, e sim porque não haverá macacos.

E o mais engraçado de tudo é que essa suposta "polêmica" só existiu no Brasil. Nenhum blog, site, ou celebridade da internet estrangeira comentou a suposta ofensa. Talvez porque nem tenha passado na cabeça deles que isso tenha sido ofensivo. E talvez não tenha sido. Talvez tudo isso tenha sido fabricado, intencionalmente ou não. Afinal de contas, a "polêmica" só começou quando o Jornal Nacional noticiou a tal "polêmica". Antes disso, ela não existia, mesmo entre brasileiros que tinham comparecido ao Comi-Con. Estranho, não?

Deixo essa dúvida de reflexão para o leitor que acha que a rede do plim-plim não é formadora de opinião, e para o leitor que acha que o Sr. Bonner é imparcial com o Sr. Homer. O paradoxo tostines (É gostoso porque vende mais, ou vende mais porque é gostoso) não justifica uma gafe desse tamanho, e como brasileiro, é vergonhoso ver uma polêmica ser inventada onde, afinal, havia nenhuma.

Quem critica, tem todo o direito de criticar o que quiser, como quiser. Eu não condeno isso, não condeno quem faça críticas ao Stallone, e nem quem deseja fazer campanhas de boicote ao filme. O que eu condeno, é quem critica por motivo torpe.

E a quem deseja fazer algo a respeito, comece assinando a sua indiginação:

https://secure.avaaz.org/po/codigo_em_perigo/?cl=678763776&v=6874

Isso não vai impedir a bancada ruralista, mas já é um começo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Predators

Finalmente, encontra-se em cartaz no Brasil um dos filmes que eu mais esperei durante o ano de 2010, Predators (Predadores), produzido por Robert Rodriguez e dirigido por Nimród Antal. Sem revelar muito do filme, posso dizer que ele é muito bom, e realmente está para Predator, assim como Aliens está para Alien. Rodriguez conseguiu o que prometeu: Fazer um filme que consegue se apegar ao material fonte do qual foi baseado, sem divagar em excesso, e ainda por cima que ofereça uma experiência nova no cinema. Rodriguez conseguiu o que poucos conseguem, ser original trabalhando sob a restrição de um material que não foi feito por ele.

O filme não é impecável, mas se excede em vários pontos, como na história, no screenplay, e até na música. A trilha sonora feita por John Debney é excelente, fazendo referência ao tema original do predador de Alan Silvestri. Muitas das trilhas do filme parecem remixes do tema feito por Silvestri, mas Debney também acrescentou outros instrumentos sonoros tribais, como os berrantes tibetanos, dando uma sensação renovada ao tema que todos conhecemos, sem deixar de ser familiar.

O elenco não deixa a desejar, principalmente Adrien Brody, que encarna o protagonista do filme. Ele não tenta ser um novo Arnold, ao invés disso, ele simplesmente age como um soldado mercenário capaz de tudo pra sobreviver, e por isso mesmo, não deixa de ser perigoso. Outro aspecto interessante do filme é o grupo: Enquanto no Predator original nós temos o melhor e mais unido grupo de soldados das forças especiais, em Predators nós temos o pior grupo possível de indivíduos reunidos no pior lugar possível. Fica claro desde o início que se os predadores não matarem os personagens, os próprios personagens irão se matar com o passar do tempo.

Por último, temos a história: Um grupo de mercenários são raptados por predadores e colocados num planeta para serem caçados. Essa é a sinopse do filme que qualquer um pode ler em qualquer lugar. Mas o que só quem assistiu sabe, é que a narrativa do filme ocorre de modo excelente. Não há diálogos desnecessários, os personagens falam apenas o necessário para mostrar as suas características, e o suficiente para se desenvolver a história. O resto é contado através de gestos, olhares, sons e principalmente, silêncio. As melhores cenas são aquelas onde o povo não se mexe, pois o espectador fica se indagando se realmente está acontecendo algo, ou não. E nem por isso as cenas de ação ficam abaixo do esperado.

Enfim, Predators é um ótimo filme, que irá marcar os fãs de predador. Para quem nunca assistiu o original, saiba que não é preciso vê-lo para entender a história desse aqui, mas que estará perdendo um ótimo filme de ação e suspense.E também não deixe de assistir esse, pois ele é um dos raros casos da atualidade onde a sinopse realmente vende o filme, e que ao entrar para assistir Predators, o espectador não irá se deparar com outro filme. E o preço do ingresso acaba valendo a pena, quando se sabe que o filme não decepciona.

Enquanto isso, fique com um pouco de humor a respeito do clássico Predator:



"Get to the choppaa!"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O que há de errado com a música pop

Sim, há um problema com a música pop atual. Algumas pessoas podem sarcasticamente dizer que a música pop sempre foi errada, mas nisso eu não concordo. O estilo pop é praticamente filho único de uma pessoa, um cantor, dançarino, compositor, poeta, produtor, coreógrafo e filantropista, o já falecido Michael Jackson. Qualquer um que tenha ouvido Thriller, Beat it, Billie Jeans, Smooth Criminal, e Black or White, para falar de algumas das suas músicas, sabe o que é o estilo pop musical. E embora algumas pessoas possam dizer que a diferença entre pop e rock é que o rock busca ser uma expressão autêntica de como os cantores se sentem e o pop é simplesmente música para vender, eu gostaria de lembrar que o Michael só vendeu tantos discos porque se expressava de verdade nas suas músicas.

Eu sempre tive uma certa dificuldade de me ligar aos ditos "ídolos" musicais da minha geração. Como alguém nascido na metade dos anos 80, eu nunca cheguei a aproveitar o melhor do Michael Jackson, que foi o Michael antes dos escândalos de abuso sexual. No lugar dele, me foi ofertado Backstreet boys, Spice girls e mais tarde, Britney Spears. E sim, Britney Spears foi só o começo. Hoje temos Lady Gaga e Kesha. E eu não entendia o que houve de errado com o pop no passar do tempo.

Até que eu vi um vídeo da Lindsay Ellis, também conhecida como Nostalgia Chick sobre a música pop voltada para o público feminino, cujo título é "Blonde Girl Now and Then, or How I Learned to Stop Worrying and Love the Ke$ha":



A parte que mais me impressionou foi ver que a Lady Gaga; ou se preferir o seu nome de batismo, Stefani Joanne Angelina Germanotta; na verdade sabe cantar muito bem, mas para se identificar melhor com o público, canta de forma bem ruim. Assim como as gurias que compram o seu disco para se divertir imitando-a. Eu posso dizer que gosto das músicas do MJ, mas Backstreet boys, Spice Girls, Britney Spears e Lady Gaga, eu dispenso.

Melhor do que Lady Gaga e Britney Spears, são as músicas das trilhas sonoras de certos jogos. Eu que cresci vendo bipes virarem sinfonias com a evolução tecnológica dos aparelhos de jogos eletrônicos, e dos próprios jogos também, posso dizer que há dezenas de trilhas sonoras de jogos que superam em muito qualquer disco de qualquer ídolo pop pós-2000 em termos de qualidade e emoção.

Abaixo, eu coloco um hiperlink para a música "Pairbond", que é a música tema do jogo Bioshock 2, lançado em janeiro desse ano:



E se essa música não te impressionou ainda, escute a música "Welcome (back) to rapture", que é a minha preferida do jogo, e diga se não sentiu calafrios:



É melhor do que ficar ouvindo "Baby one more time", "Ops, i did it again", "Blah Blah Blah", e "Just Dance"!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fallout 3

Bem, aproveitando o pedido antigo de um amigo, eu vou falar agora de um jogo que é um tanto quanto antigo, mas mesmo assim, é bom pra caramba. Fallout 3 é o terceiro jogo de uma franquia originalmente desenvolvida pela empresa Black Isle Studios, e publicada pela empresa Interplay, mas que agora pertence a empresa Bethesda Game Studios. A franquia, chamada de franquia fallout, envolve todos os jogos que foram produzidos pela Black Isle, e o jogo Fallout 3, produzido pela Bethesda.

O primeiro jogo, Fallout, se passa em 2161, num universo em que o planeta terra se encontra em estado pós-apocalíptico há 84 anos, após uma guerra atômica devastadora entre as duas maiores nações do mundo, EUA e a China, ter varrido do mundo toda a civilização, deixando apenas radiação, mutantes e sobreviventes de abrigos subterrâneos chamados de Vaults. O jogo conta a história de um habitante de um desses abrigos subterrâneos, chamado de Vault Dweller durante o jogo, que é encarregado da função de substituir uma peça quebrada do purificador de água da Vault, precisando para isso se aventurar na superfície do mundo devastado pelas armas nucleares. Fallout foi lançado em 97, chegando a ser um sucesso de críticas pela mecânica diferente, e a história envolvente do jogo.

Quando Fallout 3 foi lançado, muitos fãs da franquia temiam que Bethesda perdesse o espírito do jogo, e o clima desolado que os jogos passados passavam para o jogador. Apesar do Fallout 3 ter alguns elementos duvidosos que até certo pontos não fazem muito jus a franquia, ele é um jogo no verdadeiro espírito fallout, digno de ser chamado de sucessor da série. O jogo começa em 2277, exatos 200 anos após a guerra que devastou o mundo. O personagem do jogador é perfeitamente customizável, podendo ter qualquer nome, aparência e até mesmo sexo, mas ele é referido durante o jogo como Vault Dweller. A história também é bem simples: Você é o protagonista que nasceu, cresceu, e viveu toda a sua vida na Vault de número 101, assim como o pai dele, e todos os ancestrais. Certo dia, quando o protagonista estava com 19 anos de idade, o pai dele faz o impensável: Ele foge da Vault, e segue para a superfície. Sem saber porquê isso aconteceu, resta ao Vault Dweller fazer o mesmo, seguir para a superfície atrás do seu pai, e também de respostas.

Sem revelar muito, eu posso falar que o final de Fallout 3 é o grande charme do jogo, e embora toda a sequência de eventos principais desde a saída da Vault em busca do pai do Vault Dweller até o final seja no máximo 15% do jogo, ele vale a pena ser jogado. Isso porque a Bethesda não se esqueceu de fazer de um universo e uma ambientação em cima desse universo, criando coerência, e dando uma sensação do jogador realmente estar no mundo pós-guerra de fallout. A maior parte do tempo, a única música que o jogador tem acesso é o som ambiente do vento movendo a brita e o cascalho no meio dos restos de estradas e auto-estradas que sobrou da civilização do passado, ou então o som dos animais mutantes caminhando perto de você. Além disso, o que sobrou dos centros urbanos são verdadeiras favelas em guerra, onde o jogador é atacado por todos os lados por mercenários, super-mutantes, ghouls e saqueadores. Além disso, há o sistema de moralidade, que força o jogador a colher os frutos das sua ações: Um jogador que sai matando inocentes rapidamente se torna odiado nos lugares onde passa, o que pode complicar a sua interação com certos elementos do jogo, um jogador que busca ajudar todo mundo passa a ser amado pelo povo, porém, odiado por quem lucra com o sofrimento alheio nesse universo.

Tendo falado dos pontos posivitos, resta falar dos pontos negativos. Uma das maiores críticas acerca de Fallout 3 foi o elemento politicamente correto que a Bethesda inseriu no jogo. A maneira mais grosseira que esse elemento se manifesta está nas crianças que aparecem durante o jogo: Todas são imortais e indestrutíveis. Enquanto no Fallout original o jogador tinha a liberdade de matar crianças caso quisesse (Sofrendo uma certa penalidade por escolher agir assim), no Fallout 3, nem mesmo a arma Fat Man que lança uma mini bomba nuclear anti-infantaria é capaz de matar uma criança. Tudo o que acontece, é que ao ser atacada, a criança sai correndo pedindo por ajuda.

Outro elemento politicamente correto é tentativa falhar de se fazer uma analogia da condição dos Ghouls de fallout com o preconceito racial. Em fallout, um Ghoul é um ser humano que foi exposto a quantidades absurdas de radiação e não morreu, mas ganhou deformidades físicas e longevidade prolongada. A analogia do preconceito contra Ghouls ser equivalente ou similar ao preconceito racial é falha, pois enquanto as ditas "diferenças raciais" são triviais e insignificantes no dia a dia, as diferenças de condições de um Ghoul e um ser humano "normal" de fallout representam um perigo direto ao humano, pois Ghouls tendem a perder a razão e se tornar animais ferozes. O fato das diferenças entre um Ghoul feroz e um civilizado não serem devidamente elaboradas só complica mais a situação, e dá uma boa margem de razão para os habitantes da terra de ninguém que não querem Ghouls como vizinhos.

Por último, há as expansões de Fallout 3. Caso o leitor deseje comprar o jogo, ou obtê-lo por meios ilícitos, eu recomendo a versão "Game of the Year", que saiu em 2009, cerca de um ano depois do lançamento do Fallout 3 original, porque essa versão vem com todas as cinco expansões do jogo. São elas em ordem de lançamento: Operation Anchorage, The Pitt, Broken Steel, Point Lookout, e Mothership Zeta. Eu ainda pretendo falar das expansões de Fallout 3, mas vou deixar o assunto para uma outra postagem.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Imposto justo

Bem, aproveitando uma reflexão que eu fiz acerca do modo em que posto, eu decidi optar por uma maneira diferente de se blogar, ao invés de postar uma única mensagem por dia, como seria num blog tradicional, vou postar um conjunto pequeno de mensagens individuais, periodicamente a cada semana, ou mês. Desse modo, eu continuo a postar informações que considero importante, sem ter a dor de cabeça de necessitar responder diariamente.

Recomendo a quem não queira perder nem uma postagem do meu blog, a assinar o RSS feed dele, ou então a me seguir no buzz. Dessa forma, não haverá surpresas.

Agora, a informação que conta: Creio que todo brasileiro que já tenha jogado um jogo eletrônico, saiba que a forma mais fácil de se comprar um jogo desses, é comprando um produto falsificado. (pirateado)
Isso é um pensamento tão comum no Brasil, que já virou norma: A principal preocupação do Gamer brasileiro é se haverá falsificação para o jogo que deseja, e se ele vai perder alguma coisa no processo. Em momento algum as pessoas se há um modo de conseguir o jogo original, licenciado oficialmente pelos distribuidores. Tudo porque o preço de um jogo original pode atingir valores obscenos aqui no Brasil, como R$ 180,00 para o jogo "Assassin's Creed II" para Xbox 360. Jogos de Xbox 360 saem por volta de R$180 a R$80,00, dependendo de vários fatores, como ser lançamento, ou ser edição Platinium Hits. Jogos de Playstation 3 também não ficam muito atrás, saindo por um valor entre R$200 a R$100.

A razão dos preços serem altos, é muito simples: Impostos! Qualquer produto eletrônico que é importado tem uma alíquota única de 60% em cima do valor alfandegário do mesmo, isto é, o valor do produto somado ao valor do frete e outros custos (Como garantia). Além disso, a maioria desses produtos são vendidos na moeda estrangeira do dólar americano, cujo valor em reais fica por volta de R$1,80. Tudo isso, somado ao desejo de lucro do revendedor local aumenta o preço do produto em 300% a 400%. Jogos que custam míseros $20 saem por quase R$100, e lançamentos que custam $50 saem por R$180.

Não adianta uma empresa de jogos se instalar no Brasil, e revender os jogos por aqui, porque eles recebem imposto interno da mesma forma. Inclusive, o imposto de se produzir jogos localmente pode até ser maior que o custo de se importá-los e revendê-los. No final das contas, empresas não são ONGs de caridade, elas não vão se instalar no Brasil se uma margem de lucro decente não estiver assegurada. Por isso, Sony, Microsoft e Nintendo não lançam jogos oficiais no Brasil, não reservam sequer um código de região pro Brasil, e não permitem que os brasileiros façam compras em suas redes de jogos... (XBLA, PSN, e por aí vai)

Por isso, alguns brasileiros resolveram se mobilizar para tornar público a existência de um projeto de lei que visa estabelecer isenção de imposto especificamente para produtos relacionados ao mercado de jogos eletrônicos. Fiquei sabendo do tal projeto de lei através do perfil de orkut de um amigo (valeu, Bezerra), e resolvi também tornar público o meu apoio pela campanha. Mas não basta apenas espalhar a existência da campanha para os seus amigos, é necessário também entrar em contato com o deputado Antonio Palocci (PT-SP) que é o relator do projeto de lei 300/07, apresentado em 2007 pelo deputado Carlito Merrs (PT-SC), para saber como anda a aprovação do mesmo. E caso a aprovação esteja lenta, é necessário agir de modo a mobilizar a câmara de deputados para que o projeto de lei seja aprovado, e de preferência, na forma em que se encontra, sem emendas de qualquer natureza.

Abaixo, deixo o hyperlink para o site da campanha:

http://impostojustoparavideogames.com.br/

Se cadastrar no site é uma forma de apoiar, enviar uma mensagem para o relator é outra, protestar em frente ao congresso é outra. Faça a sua parte.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Avatar

Depois de 3 meses, cá estou de volta, para falar de um filme que todos já devem ter visto, assistido, ou pelo menos terem ouvido falar. Trata-se de Avatar, a mega produção cinematográfica de James Cameron,o mesmo criador dos blockbusters de sucesso "O Exterminador do Futuro" (1984), "Aliens: O resgate" (1986), "O Exterminador do futuro 2" (1990), "True Lies" (1994), e "Titanic" (1997). "Avatar" lançado no ano passado, é a sua mais nova obra cinematográfica.

O filme é uma belíssima combinação de imaginação, liberando a criatividade de Cameron para a criação de um mundo completamente diferente do que estamos acostumados. A história em si, é bem simples, cliché até eu diria, mas nem por isso, defasa a emoção que o filme passa, ou obscurece o brilho da beleza visual do filme. O filme conta a história de Jake Sully, um ex-fuzileiro que viaja da Terra para Pandora, uma lua localizada em órbita do planeta Polyphemus, que fica no sistema Alpha Centauri, mais precisamente na estrela Alpha Centauri Alpha. Ele viaja com o objetivo de substituir o seu irmão, que faleceu num roubo, na equipe do projeto Avatar da doutora Grace Augustine, interpretada pela talentosa Sigourney Weaver.

Chegando lá, Jake ao mesmo tempo descobre o maravilhoso mundo de Pandora, e a emoção de controlar um avatar, enquanto acaba sendo relegado a segundo plano pela doutoura Augustine. Após fazer um acordo com o Coronel Quaritch, o responsável pela defesa de toda a operação humana de mineração em Pandora, Jake é relegado ao posto de guarda costas. Em sua primeira missão, ele acaba se separando do time de cientistas, e fica perdido durante a noite nas selvas de Pandora. Por pouco, é aceito na tribo dos nativos de Pandora, os Na'vi.

Conforme ele vai aprendendo a viver como um Na'vi, Jake repassa informações para Augustine e Quaritch, e aos poucos aprende a amar Pandora, a vida selvagem e silvestre, e sua professora, a Na'vi Neytiri, filha do chefe da tribo. Conforme os meses passam, cada vez mais Jake passa a gostar mais de sua vida Avatar, e menos da sua vida real como humano, ao ponto de chegar a dizer que a realidade é que parece ser o sonho, e o sonho, a realidade...

O conflito deslancha quando os humanos destróem a árvore das vozes, um local usado pela tribo Omaticaya para conversar com os seus ancestrais. Jake desesperado, ataca o trator, impedindo temporariamente o avanço humano, mas despertando a ira do Col. Quaritch, que suspende o projeto Avatar indefinidamente, e suspende Jake com um murro. Recebendo uma segunda chance de Selfridge, o diretor geral da mineração, Jake e Augustine voltam para os seus corpos avatar e tentam avisar os Na'vi do perigo imediato, mas não conseguem evitar a perda de vidas, e a destruição da Árvore lar da tribo Omaticaya.

Após uma fuga relâmpago, na qual Augustine é baleada, Jake doma o maior dos predadores aéreos de Pandora, o Toruk, tornando-se assim o sexto Torku Makto da história dos Omaticaya, e voltando nessas condições para recuperar a confiança deles. Após uma tentativa de salvar a vida de Augustine, que falha, Jake consegue reunir todos os clãs de Na'vi de Pandora para um ataque final, na árvore das almas, com o objetivo de destruir todas as forças RDA restantes. O ataque começa, inicialmente dando uma desvantagens pros Na'vi, mas quando a própria natureza de Pandora, na forma da deusa Eywa, toma partido e ajuda os Na'vi, a luta finalmente pende para a vitória dos mesmos. Após uma intensa e sofrida luta no final, Jake e Neytiri conseguem vencer Quaritch, expulsando todos os soldados e mineradores da RDA, permitindo apenas a permanência da equipe do projeto Avatar.

É uma história bem simples, uma mistura de "Pocahontas" com "Dança com lobos", com "O último Samurai". Porém, nem por isso ela apaga o brilho do filme, pois o brilho está no modo como ela é contada, no talento que Cameron tem pra isso. Dependendo do filme, a história pode ser contada como um drama revestido por ação, como em "Exterminador do futuro" e "Aliens". Em outros casos, pode ser ação revestida por humor, como em "True Lies", ou mesmo drama revestido por romance, como em "Titanic". Avatar é apenas uma pequena variação do modo dele de se contar histórias, com um tema de fantasia revestido por drama.

Outra coisa que marcou muito nos efeitos visuais do filme foi o elemento de exibição em 3D, que deu uma experiência nova ao espectador. Avatar marcou época por ser um dos primeiros filmes a explorar a exibição em 3D de forma ampla, pois ele foi criado em 3D. Toda a direção foi feita pensando-se no espectador assistindo o filme como se estivesse presente na própria cena. O 3D não só é a chave para filmes de maior apreço pelo público, como também será o principal diferencial entre a exibição caseira e a comercial no futuro. E nesse sentido Avatar ganha por já ter nascido 3D.

Porém, ele não é um filme perfeito. Há muitas coisas estranhas no universo criado por Cameron. A impressão que o filme deixa inclui a sensação que os Na'vi não ficam doentes, ou não tem problemas de falta de comida, água e segurança. Basicamente, Pandora é um mundinho perfeito demais. Outra coisa que me incomodou foi como a terra foi retratada, como se fosse apenas um cancro no universo, em oposição polar a Pandora, que seria uma pérola. Tudo isso dá uma visão maniqueísta de bem e mal, e que diminui um pouco o que poderia ser um verdadeiro filme de época. Avatar é simples, exatamente porque o seu 'melhor' é a sua coreografia visual, e não a sua história. Cameron poderia ter feito críticas políticas, ou filosóficas no filme, mas não há nada nele que o povo já não conheça, e o filme em si, não é uma obra prima. Ele pode ser um belíssimo filme que marcou o início do 3D, mas certamente haverão filmes melhores que ele no futuro, todos em 3D.

Talvez, quem sabe, até outra obra de Cameron?